Como eu enfrentei o medo de apresentações em público

Fernanda Bernardo
6 min readApr 13, 2018

Estou cada vez mais participando da comunidade, indo a eventos, palestrando, conhecendo milhões de pessoas e me empolgando com tudo isso.

Para muita gente isso é algo extremamente complicado pela exposição, falar em público, falar com pessoas totalmente desconhecidas. É isso pelos mais diversos motivos, liderados pela timidez, síndrome do impostor, a falsa “falta de conhecimento” e mais milhares de “mas eu não sei….”.

E eu não vim aqui falar que é fácil enfrentar tudo isso não. Até porque, eu era muito assim (ainda sou um pouco hoje, mas quase nada em vista do que eu era).

Quero contar um pouco da minha história e mostrar coisas que eu fiz para enfrentar tudo isso e ir lidando com esses diversos medos. Entendo que cada pessoa lida com tudo isso de uma forma bem diferente da outra mas espero conseguir dar algumas dicas do que fazer nesse processo.

Bom…. A história começa quando eu ainda estava no colégio e era aquela pessoa hiper mega tímida, que ficava vermelha só de conversar em grupos de 2 pessoas. Que fugia de todas as apresentações de trabalhos e que nunca gostou muito de ir conversar com alguém desconhecido.

Isso começou a mudar quando eu entrei na faculdade e me vi em um curso predominantemente masculino (de 180 alunos, umas 15 eram mulheres). A grande maioria dos meninos sabiam quem eram as meninas e o nome delas e por outro lado eu não conhecia ninguém. Já estava saindo da minha zona de conforto, por não estar no meu colégio que eu já conhecia todo mundo por ter estudado quase toda a minha vida lá. Na faculdade eu não conhecia ninguém e tive que decidir entre ser o mínimo social ou me isolar de todos. Decidi então ser o mínimo social, que incluía falar com as pessoas que viessem falar comigo.

Quando eu estava na metade do meu segundo ano, eu consegui o meu primeiro emprego, na Caelum. Foi lá que eu descobri o mundo da programação, que eu comecei a aprender o que era o frontend e também que eu comecei a conhecer os eventos da área.

Eu ia em tudo quanto é evento, não importava se eu conhecia o tema ou não… backend, frontend, experiência de usuário, empreendedorismo, Linux. Basicamente, eu sabia de um evento e eu ia. Várias e várias vezes eu ia e voltava do evento sem entender absolutamente nada e também sem nem conversar com ninguém. O máximo que acontecia, era eu conversar com algum amigo que tinha ido comigo.

Mas eu jamais tinha pensado em palestrar. Primeiro por achar que eu não sabia de nada e segundo pela minha timidez. Como que eu conseguiria falar para mais de 10 pessoas se eu não conseguia nem falar com 2?

Até que iria ter um evento na Caelum, o Conexão Java, e falaram que eu iria palestrar. Neguei com todas as minhas forças hahaha. Aí me colocaram para palestrar com uma outra pessoa, o Francisco Sokol, sobre um projeto que eu estava trabalhando desde que entrei na Caelum. Comecei a me preparar, a montar slides, treinamos um monte e decidi enfrentar meu medo. Além disso, tive o suporte tanto do Chico quanto de outras pessoas que já haviam palestrado lá da Caelum, que tentavam me acalmar e me dar dicas.

Eis que chegou o dia do evento, e minha palestra era praticamente a última do dia. Eu estava tão nervosa, que passei o dia inteiro sem conseguir comer (não façam isso), super ansiosa, morrendo de medo. Na hora da talk, no começo foi mais complicado, eu estava bem insegura, falando rápido, esquecia algumas partes, mas ao longo fui ganhando confiança e ficando mais tranquila. Quando acabou a talk foi como se um peso tivesse saído de mim, minha fome voltou com tudo e fui atacar o coffee. E as pessoas começaram a vir conversar sobre a talk comigo e com o Chico. E isso foi muito interessante, e eu percebi que estava ajudando pessoas só por ter ido lá e falado. E essa sensação de que alguém aprendeu algo, gostou do que você fez, é sensacional. E eu comecei a querer mais disso. Por mais que eu morresse de vergonha, eu queria passar algum conhecimento que eu tivesse pra frente, atingir mais pessoas, mudar de alguma forma a vida delas e também enfrentar o meu medo com o público.

Depois dessa talk, comecei a procurar outros eventos para palestrar e também temas para minhas palestras. Até que vi o Front in Sampa e decidi arriscar (mesmo achando que eu não tinha a menor chance). Perguntando para outros fronts da Caelum, me deram a ideia de falar sobre jogos com CSS (sem Javascript). Eu não sabia nada sobre o assunto, mas vi que algumas poucas pessoas tinham conseguido fazer. Se alguém tinha conseguido fazer eu pensei que eu também conseguiria. Foi assim que eu submeti uma palestra para o Front in Sampa de 2014.

Por algum milagre da natureza, eu passei e o pessoal da organização queria saber mais sobre o que eu falaria. Mas tinha só um pequeno detalhe… EU não fazia a MENOR ideia do que iria falar hahaha. Fiz um vídeo "explicando" o que eu apresentaria na talk e mandei para organização e eles aceitaram 😱. Aí eu fiquei mega feliz e logo depois veio o super medo. O que eu falaria nessa talk? Em um evento grande aqui de SP, eu não poderia decepcionar, tinha que ser A TALK.

Comecei a estudar como que funcionava essa loucura de fazer jogos só com CSS e precisava criar um jogo e conseguir explicar para as pessoas. E o resultado está aqui. Eu estava muitooo nervosa, acho que dá para perceber na apresentação, mas foi um sucesso. Depois da talk o pessoal estava impressionado com o que eu apresentei e tiveram uns feedbacks como esse:

Tudo isso foi sensacional pra mim. No ano anterior eu tinha ido ao Front in Sampa para assistir e no outro ano eu voltei como palestrante. Pra mim foi uma experiência indescritível. E foi assim que eu comecei a palestrar e a gostar muito disso.

Depois dessas duas palestras, a primeira em dupla e a primeira sozinha, comecei a submeter palestras para vários eventos. Os temas das palestras eram todos coisas que eu tinha interesse mas não conhecia, logo eu teria que estudar bastante para conseguir apresentar a talk. E isso me motivava e ainda me motiva bastante, porque eu tenho um tempo bem definido para aprender muito bem um assunto. Costumo dizer inclusive, que para conseguir palestrar sobre um tema você precisa aprender duas vezes, uma para aprender mesmo e a outra para aprender a ensinar e a passar esse conceito direito para outras pessoas.

Até porque, palestrar existe uma outra coisa envolvida: a sua imagem. Primeiro, que eu jamais iria querer ensinar algo errado para alguém, e segundo que quando você palestra, infelizmente, as pessoas julgam, e muito, o que você está falando. Por isso, sempre darei o meu melhor.

Ficou com vontade de palestrar e quer alguma ajuda? Veja o Help4Papers e mande sua palestra ou sua ideia pra gente te ajudar ;D

Deixe seu feedback ou sua pergunta aqui nos comentário :) No próximo post, contarei mais sobre algumas experiências que tive em algumas palestras.

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Fernanda Bernardo

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